Diario de Cáceres | Compromisso com a informação
O que o eleitor quer
Por por Rodrigo Rodrigues
17/04/2014 - 12:00

Foto: arquivo

A classe política é disparada o segmento com maior desgaste em nosso país e na maioria absoluta dos outros. A demanda da população é, e será sempre, maior do que o poder público pode proporcionar. Claro que esse é o principal motivo que leva os agentes públicos a serem os campeões de rejeição. Porém, outros fatores são determinantes na perpetuação desse estigma negativo que paira sobre os políticos. 

Meu pai sempre disse que nossos representantes, detentores de mandatos, surgem do seio de nossa sociedade, não são extraterrestres que desembarcam de uma hora para outra por aqui, portanto, são pessoas como nós e eleitos com nosso voto.

Está ficando cada dia mais claro o que os eleitores querem e esperam dos futuros candidatos, apesar do maior desgaste ser pela limitação do poder público em atender ás necessidades da população, no fundo, o que mais contribui para decepção geral com a classe, é a maneira descarada e desavergonhada com que parte dos candidatos molda seus discursos baseados em pesquisas de opinião, as chamadas qualitativas, deixando de lado o que realmente pensam ou pretendem fazer se eleitos forem. Fazem de tudo para agradar e conseguirem votos. 
Mentem e prometem com uma convicção de dar inveja aos melhores atores de Hollywood.

As artimanhas imorais de certos candidatos para iludir o eleitor contam com uma tremenda ajuda da tecnologia, em pouco tempo, esses “mestres” na arte da dissimulação, conseguem analisar o que a maioria está pensando sobre determinado assunto para se posicionarem, no melhor estilo de “biruta de aeroporto”.

O que os espertinhos oportunistas não entenderam ainda é que políticos com esse perfil estão com seus dias contados. O povo em geral já cansou e, seja nas ruas ou nas redes sociais, tem demonstrado para qual direção irá caminhar no próximo pleito.

O desejo de mudança invade nossos corações a cada dois anos, nas eleições municipais, estaduais ou para presidente, e esse desejo que nos consome leva sempre a buscarmos um “salvador da pátria”. Esses salvadores da pátria quando eleitos, antes mesmo de tomarem posse, arrancam suas máscaras expondo sua verdadeira face, e eis que lá vamos nós de novo nos lamentar, mais uma vez enganados. 

Antes se diziam contra isso, contra aquilo, declaravam ser imoral abandonar um mandato na metade para candidatar a outro cargo e, se eleito, não aceitariam compor com alguns grupos ou pessoas, que defenderiam esta ou aquela bandeira. Mas que nada, depois da posse mostram suas unhas e fingem que não é com eles.

As mudanças, alavancadas pelo acesso e velocidade da informação, têm feito uma verdadeira revolução nas eleições. já pudemos ver isso nas últimas eleições em Mato Grosso, tanto na de 2010 para governo quanto na de 2012 para prefeito.

Aqueles que se elegeram nas ultimas eleições e não estão sendo coerente com seu discurso, não manteve uma linha clara e definida e, não teve coragem de defender uma posição, terá muitas dificuldades para se eleger ou buscar uma reeleição.

Ninguém aguenta mais comprar pacu e levar abotoado, ou gato por lebre. Por isso é bem melhor votar em um candidato que discordamos em ou outro ponto de vista, mas que seja sincero, do que nesses que dizem só o que queremos ouvir e mais uma vez e dar com os burros n’água.

No último domingo, assisti a uma entrevista do ex- juiz federal Julier Sebastião da Silva, que pediu demissão do cargo e se filiou no PMDB, com a intenção de se candidatar ao governo.

Começou bem o ex-juiz, em sua entrevista não fugiu de temas espinhosos e impopulares e com muita personalidade disse aquilo que muitos pensam, mas não tem coragem de dizer ou defender publicamente. 

Com muita sinceridade fez uma explanação óbvia sobre as obras da Copa. Neste momento, quando todos os oportunistas tentam tirar proveito dos atrasos e problemas, Julier disse o que o governo, ou seus assessores, deveriam ter dito a tempos. 

A maioria esmagadora das obras que está em andamento em Cuiabá não é exatamente para os jogos da FIFA. Na verdade, é importante o aeroporto, os dois centros de treinamento, o estádio e alguma coisa nos arredores, as demais vieram de carona, e se não ficarem prontas até a data dos jogos não trarão o menor prejuízo.

Sendo assim, eu e todo mundo que mora aqui no Mato Grosso e que não irão se mudar daqui depois dos jogos, ficaremos muito satisfeitos se elas forem concluídas com qualidade e zelo. Afinal seria muita inocência pensar que este volume imenso de obras, que atende a uma demanda reprimida de mais de 50 anos, ficariam todas prontas em 3 anos. Houve um erro de comunicação estratégico do governo em passar a ideia que todas as obras seriam para a copa, e estariam prontas até o inicio dos jogos. Blairo e Silval foram arrojados ao usarem o argumento de sermos sedes dos jogos para alavancar tanto recurso de uma vez só, coisa nunca vista até então em nosso estado.

Poucos neste momento, em que grande parte da população esta descontente, em função do transtorno que as obras causam, no limite de sua paciência, tem coragem pra defender o governo e o imenso legado que a copa deixará para Cuiabá. Existe um grupo, denominado opositores, que apostam no quanto pior melhor, se lixando para os interesses do cidadão. Se fossem pessoas com espírito cívico e, colocassem os interesses do povo acima de seus interesses pessoais ou de seu grupo empresarial, se juntavam ao governo em um esforço comum para ajudar na solução dos problemas e levantar mais recursos. 

Um par deles, que hoje criticam, eram os mais animados na comemoração no Choppão, quando foi anunciado Cuiabá como sede dos jogos, vencendo a disputa contra Campo Grande. 

Naquele momento todos fomos tomados pela euforia, pelo orgulho de ser sede da maior e mais popular competição do mundo, nenhum desses críticos de hoje tiveram coragem de se posicionar contra, se borravam de medo de serem tachados do “contra”, ficaram quietos, silenciosamente torcendo para que tudo dê errado, de braços cruzados esperando a “oportunidade” para tacar lenha no fogo.

Uma pena, pois talvez nos próximos cinquenta, sessenta anos, não teremos chances de sediar outro mundial, muito menos conseguiremos tantos recursos de uma vez só, mas a mentalidade provinciana, associado a vaidade e fome de poder, cegam essa pessoas, mas o tempo é senhor da razão, e muito em breve veremos os mesmos mudarem de opinião como se troca de camisa, é só a bola começar a rolar.

Mas repito o eleitor já tem definido o que ele quer e, mesmo que discorde de algumas posições, ele prefere um candidato que tenha coerência, coragem e sinceridade. 

Este três requisitos serão analisados em profundidade nas próximas eleições, com destaque para “coragem”. E, neste aspecto, o ex-juiz julier se apresentou bem, nesta entrevista. Demonstrou ter posição e defendeu-as com muita sinceridade.

RODRIGO RODRIGUES é jornalista

Carregando comentarios...