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Chuva de meteoros e eclipse em uma segunda astronomicamente especial
Por Marcelo Zutira
13/12/2020 - 18:40

Foto: Jeff Dai

A próxima segunda-feira (14) será astronomicamente especial. Em um mesmo dia ocorrerá a melhor chuva de meteoros de 2020 e também um eclipse total do Sol.

Todo o mês de dezembro, a Terra passa pela trilha de detritos deixando pelo Asteroide 3200 Faetonte. Ao se chocar com nossa atmosfera, esses sedimentos formam a Geminidas, a maior e mais confiável chuva anual de meteoros.

O 3200 Faetonte é um asteroide que tem comportamento semelhante ao de um cometa. Quando se aproxima do Sol, ele passa a ejetar uma nuvem de poeira que, ao longo do tempo, formou a trilha que é responsável pela Geminidas. Uma das teses defendidas é que ele, na verdade, é o núcleo de um cometa extinto, que já gastou todo seu material volátil depois de inúmeras passagens próximas ao Sol.

A Geminidas recebe esse nome, porque todos os seus meteoros parecem irradiar da direção da Constelação de Gêmeos. Isso ocorre devido ao efeito da perspectiva, mas, na verdade, os meteoros atingem a atmosfera praticamente paralelos entre si.

 

Os meteoros dessa chuva recebem o nome de geminídeos, e costumam ser meteoros lentos, esverdeados e, alguns deles, bastante luminosos.

E se você gosta de ver meteoros, não deve dormir na noite de domingo para segunda, quando ocorre a máxima da Geminidas. Além de ser a melhor chuva de meteoros do ano, o céu sem Lua nessa noite, oferece excelentes condições de observação.

Mesmo sendo uma chuva melhor observada do Hemisfério Norte, os observadores aqui no Brasil, poderão contemplar até 105 meteoros por hora dependendo do tempo e do local onde estiverem.

A taxa de meteoros por hora aumenta para as localidades mais ao Norte do país. No Rio Grande do Sul, por exemplo, poderão ser observados até 55 meteoros por hora, enquanto em Roraima, essa taxa pode chegar aos 105 meteoros por hora. Abaixo um mapa com a taxa horária máxima esperada para cada região do país.

 

Taxa de meteoros por hora em condições ideais. Créditos: Bramon

A melhor forma de observá-los é procurar um local escuro, sem luzes por perto e, preferencialmente, distante dos grandes centros urbanos. Uma cadeira de praia e uma garrafa de café são excelentes para se manter acordado e confortável durante a noite. Não é preciso olhar em direção a Constelação de Gêmeos, pois os meteoros surgirão por todo o céu.

Os geminídeos podem aparecer durante quase toda a noite, mas o melhor horário para observá-los é entre meia noite e quatro horas da manhã, quando a atividade dos meteoros se intensifica.

E se você conseguir passar a noite acordado, e resolver dormir pela manhã, cuidado para não dormir demais, porque logo no início da tarde, grande parte do país vai poder testemunhar mais um importante evento astronômico: um Eclipse Solar!

Eclipse Total do Sol

Eclipse total do Sol visto do Chile em 2018. Créditos: Leo Caldas

Esse eclipse será total, mas a totalidade só será visível por alguns poucos felizardos que estiverem em uma estreita faixa que cruza o sul da Argentina e do Chile. Daqui do Brasil, ele será visto apenas parcialmente, ou seja, a Lua não chegará a encobrir totalmente o Sol. 

Abaixo, o mapa indica a cobertura do eclipse em cada região do Brasil.

Cobertura do eclipse de 14 de dezembro de 2020. Créditos: Timeanddate

Para observar um eclipse solar, entretanto, é preciso ter muito cuidado. Jamais olhe ou aponte instrumentos ópticos diretamente para o Sol sem filtros adequados. Isso pode causar danos permanentes à retina e até mesmo cegueira.

Óculos escuros, vidros esfumaçados ou chapas de raio-x não dão proteção adequada. O único filtro recomendado é o “vidro de soldador número 14”, que é barato e pode ser encontrado  facilmente em uma loja de material de construção. E mesmo com ele, evite observar o Sol por mais de 20 segundos.

Infelizmente, os moradores de algumas áreas do norte e nordeste do país não poderão contemplar o eclipse solar desta segunda, mas em compensação, eles serão privilegiados em 2023, quando ocorrerá um Eclipse Anular do Sol.

 

Eclipse anular sobre o Novo México (EUA) em 2012. Créditos: Collen Pinski

Marcelo Zurita é presidente da Associação Paraibana de Astronomia, membro da SAB – Sociedade Astronômica Brasileira e diretor técnico da Bramon – Rede Brasileira de Observação de Meteoros

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