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Escassez de matéria-prima atinge 70% das indústrias em Mato Grosso
Por Reinaldo Fernandes
23/11/2020 - 16:38

Foto: reprodução

A combinação de paralisação das atividades econômicas nos meses de maior contágio pelo novo coronavírus aliada a uma retomada forte da economia a partir de agosto tem gerado a escassez de matéria-prima para 70% das indústrias em Mato Grosso. 

O reflexo acaba chegando ao bolso do consumidor e prolongando o tempo de espera por produtos. Levantamento da Federação das Indústrias de Mato Grosso (Fiemt) mostra que as produções estão sofrendo com falta de plástico, alumínio, aço, arroz, carne, vidro e outros componentes. 

A construção civil tem sido área mais castigada, pois o conjunto de matérias-primas em falta atinge vários serviços do setor – peças de aço para erguer estruturas, fio elétricos por falta de cobre, alumínio e, mais recentemente, cerâmica. Faltam pisos e azulejos no mercado. 

“Com a pandemia e o fique em casa, as indústrias pararam suas atividades ou reduziram drasticamente a produção, que caiu cerca de 3,7%. E isso poderia ter sido pior, se a economia de Mato Grosso não tivesse o impulso do agronegócio. A partir de agosto, a economia voltou a reaquecer e num nível acima do que se estava esperado. Acontece que a demanda é maior que o produto pronto para a entrega”, explica o superintendente da Fiemt, Mauro Santos. 

 

Diferente do setor de serviços, ele diz, na indústria, a produção leva até 60 dias para fabricar alguns itens. Esse tempo de carência é um fator pouco flexível e estoura o planejamento. Aí, passa a valer a lei da economia de oferta e demanda, com pressão sobre os preços. 

Segundo a Fiemt, em alguns setores, como de aço, os preços mais que dobraram no atual cenário de escassez. A média tem variado entre 50% e 70%, em comparação com período antes da pandemia.  

“Isso é um aumento ainda dentro das indústrias, mas isso geralmente é passado ao consumidor”, disse o superintendente. 

Alimentos 

A suspensão da produção e a alta demanda também refletem no preço da carne e do arroz em Mato Grosso, em competição com o mercado internacional. Segundo Mauro Santos, a  desvalorização do Real frente ao Dólar e a procura por produtos por compradores internacionais pressionaram o mercado estadual. 

A venda de carne para China fez o quilo dos cortes aumentaram em média 30% em Mato Grosso desde o início da pandemia. O arroz, cuja produção estava desvalorizada – chegou a cair 40% entre 2000 e 2020 – voltou com tudo. 

 

Os fatores são o aumento de consumo em casa, por causa do isolamento social, tanto aqui quanto em outros países. Mato Grosso voltou a vender para Egito, Etiópia e Venezuela, por exemplo. 

Nos últimos meses, o preço médio subiu de R$ 15 para R$ 25 para o pacote de 5 quilos. 

A previsão da Fiemt é que um equilíbrio entre preço e produto ocorra ao longo do próximo ano, mas em momentos diferentes para cada setor. No fim de ano, os preços devem continuar em alta. 

 

“Ao longo de 2021, os preços vão voltando ao normal, alguns vão cair e outros podem voltar ao patamar original. Não sabemos quando isso vai acontecer, mas conforme o mercado for sendo fornecido com produtos, talvez, o preço volte a cair”, disse o superintendente Mauro Santos. 

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