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Artista Jonnier: pescando sonhos na Holanda
Por Creuza Madeiros
17/05/2018 - 11:51

Foto: arquivo pessoal

De Cáceres e Cuiabá para uma das cidades mais culturais e excêntricas do mundo, Amsterdam, na Holanda. Quem vive essa  experiência  há  duas  semanas  é o “pescador de sonhos”, o  Rafael Jonnier, como é mais conhecido.

Com 26 anos, formado em  Design  de Interiores, e há cinco anos reconhecido como  artista pop art, multicolorido e contemporâneo, Jonnier  revela que as bicicletas tão presentes em seu cotidiano artístico tinham razão de ser.

Rafael se mudou de Cáceres para Cuiabá aos 20 anos com a certeza que viveria de sua criatividade, não sabia o que exatamente. Começou fazendo marcas e montando artes para as redes sociais (que começavam a se expandir).

Na Rua 24 de Outubro os primeiros traços artísticos de Rafael foram mostrados, em 2012,  numa das feirinhas realizadas no Espaço Magnólia. Daí em diante não parou, nenhum dia. Se especializou, cresceu, descobriu seu estilo e jeito. 

Esta semana, às duas horas da manhã na Holanda, ainda meio zonzo com o novo fuso horário, o artista Rafael Jonnier, a pedido, envia um áudio  cheio de fé pelo WhatsApp para o site Divino Mato Grosso. Estávamos muito a fim de saber como foram as duas primeiras semanas do pescador de sonhos  no velho mundo.

“Sou um cara que sempre sonhou desde criança buscando metas, a minha mãe me deu uma educação de correr atrás, eu ajudando ela, minha irmã, meu padastro. Ficando com minha avó, sempre busquei essa evolução tanto pessoal como profissional.

Fui com objetivo pra Cuiabá pra ganhar a vida, não imaginava que Iria viver assim dessa forma, da arte mesmo. Sempre soube ser a criatividade minha veia, mas não dessa forma tão direta.

E desde  Cáceres, antes de morar em Cuiabá,  tive o sonho de morar em Amsterdam.  Acho que eu vi em algum filme, alguma novela, não sei. E entrou a memória daquela cidade linda, das bicicletas, tal. Então sempre eu brincava com meus amigos no churrasco, quando eu morar em Amsterdam vocês vão ver. Então parecia  já estar no meu inconsciente essa fase da minha vida. Parecia não, já estava”, assume Jonnier.

O jovem artista prossegue, com um misto de saudade, revivendo a trajetória de sucesso na capital. “ Quando cheguei em Cuiabá eu meio que deixei em off esse sonho,  foquei na capital. E você me conheceu desde minha trajetória aí na Rua 24 de outubro e praticamente cinco anos se passaram depois que entrei de cabeça na arte. Foram dois anos trabalhando com estilo pop art e depois entrar nessa questão mais autoral, de criar meu próprio mundo e com muito medo. Mas sempre fui um cara com muita fé, sempre busquei fortalecer essa fé , esse contato espiritual e o medo me davam mais coragem de arriscar, sabe. Sempre arrisquei, nesta trajetória teve erros e acertos, e foquei em Cuiabá, consegui o objetivo de mostrar meu trabalho, ter essa experiência de viver da arte, tive muitas pedras no caminho, errei muito, acertei bastante e tudo no tempo de Deus”.

Para Rafael Jonnier não existe essa  de ficar na zona de conforto muito tempo. Quando surgiu a oportunidade da Holanda, ele abraçou. Uma amiga que mora em Amsterdam há oito anos o convidou para morar com ela.

“Achei  super válido recomeçar tudo novamente. E olhar pra trás e ver que Deus  já foi me preparando desde o início , na  chegada a Cuiabá. Ser conhecido em Mato Grosso, através do meu trabalho autoral, eu cheguei lá”, celebra.

A adaptação – Como é para um estrangeiro se adaptar numa terra desconhecida, onde absolutamente tudo é bem diferente de onde vivia?

“Assumi essa nova jornada, num lugar que eu não falo a língua, não sei como é a cultura, conheço por estudos, mas pessoalmente não, então é um desafio muito grande, de recomeçar novamente, deixar uma vida que já estava estável pra começar do zero. Eu tomei essa decisão porque a fé é  meu maior patrimônio.

Estou articulando toda a questão de moradia, fazendo curso de inglês, articulando materiais, articulando alguns projetos pra cá por mais que é novo, são duas semanas que estou aqui, mas já entrei em contato com várias pessoas influentes na questão da arte. Estou num meio que tem muito peixe grande, então estou mais buscando experiência, estudo, aperfeiçoando meu dom, buscando novas experiências, com esse mundo que é muito grande”, reconhece Jonnier.

Mato Grosso para o mundo -  Jonnier relembra que a Europa é rica em arte e o sonho de levar a cultura de Mato Grosso para mais longe o move.

“A vontade de ter meu trabalho  reconhecido mundialmente,  sei que vou conseguir,  depende muito da minha disciplina,  da  fé de não desistir. Se não der certo agora vai dar certo daqui a pouco e vou tentando em busca, tenho uma meta também, tudo na minha vida se resume em metas, pra traçar aqui de conhecimento, de lapidação da minha arte. Hoje o objetivo é  lapidar ainda mais esse dom que Deus me deu”, conta.

A inspiração a mil -  “A cidade está me inspirando demais, hoje  fui pra um parque pintar, dei de cara com bosque, com lagoas, casas e fui de bicicleta, tô pintando, fui pintar paisagem. Estou deixando a inspiração dessa nova fase da minha vida me influenciar, tô deixando as coisas acontecerem, entreguei na mão de Deus, do universo", conta Jonnier.

Não estou aqui por acaso, alguma coisa muito boa vai acontecer e no momento certo. Cada esquina que vou,  me inspiro mais, conhecendo outros artistas, galerias, outra cultura, uma nova língua e então esse investimento pessoal tá sendo demais, não tá sendo fácil, eu já sabia que eu iria iniciar tudo novamente, mas está sendo gratificante”, completa Jonnier.

O que ficou -  Jonnier conta que a saudade maior de Cuiabá é da liberdade criativa, dos amigos, da cultura, do respeito artístico alcançado. Mas tem algo que conta muito: a família. “Logo agora que sou tio, minha irmã teve nenê em Cáceres e a outra está grávida. Mas sei que é para meu crescimento pessoal e profissional”.

Tem uma pessoa com o coração dolorido, porém conformado, pela ausência. No último  dia das mães a mensagem para o filhão Jonnier no facebook foi assim: “Meu príncipe esse é o primeiro dia das mães que vamos passar longe um do outro, mas estou muito feliz por você  ser meu orgulho,  o amor que sentimos um pelo outro jamais nos distanciará. Estamos conectados,  sinto você  perto de mim,  eu te amo filhão”, disse Joice Pires, lá de Cáceres.

Dia 12 de maio Rafael Jonnier publicou  mensagem no facebook lamentando não ter tido tempo de se despedir de todos,  informando que chegou seu tempo de renovação e que sentirá  muitas saudades.

O jovem Rafael Jonnier  pedalou para longe. Antes deixou sua  marca registrada em corações brasileiros,  casas, escritórios, muros e ruas de Cuiabá.

A casa mais alegre de Cuiabá é numa das esquinas da  Rua 24 de Outubro, com arte  assinada por ele.  Jonnier registrou bem onde tudo começou. Mato Grosso ainda terá mais, muito mais razões  para se orgulhar de seu filho corajoso e talentoso.

 

Até breve, Rafael  Jonnier, a gente se encontra pelo mundo da Arte e sensibilidade!

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