Diario de Cáceres | Compromisso com a informação
Entre o ignorante e o sábio
Por por Guilherme Vargas
07/05/2018 - 11:50

Foto: arquivo

Nervo faz contração. Instabilidade nos vem e parece que a qualquer momento o chão se abrirá. A ignorância manifestada nos toma de insegurança: pode alguém ainda pensar assim? Pode alguém agir assim? Pode alguém se manifestar assim? Tudo que se vê, tudo que a história nos conta não é suficiente?

 Quem dera ser mais ignorante para entender menos; seria mais feliz! A frase de Clarice Lispector sempre me arrebatou: "Viver não é coragem. Saber que se vive é coragem".

 Em prece, pedi que fosse mais ignorante porque assim seria mais fácil viver, porque assim não precisaria de coragem. Coragem principalmente para me compreender enquanto ignorante. Não queria mais saber que vivia, porque achava que minhas forças não dariam conta. Então, nem percebi que minha prece tinha sido atendida.

Não fiquei mais ignorante, só percebi o quanto ignorante eu era ...! ou melhor, ainda sou! Me incomodei com a intolerância alheia, ao ponto de retrucar com violência física, afinal era meu corpo que se contorcia, meu coração que palpitava, em mim que apareciam as equimoses e minha cabeça que se baixava, desacreditando na humanidade.

Minha lógica era sobre o que era justo! Só que o meu agressor não pensa com minha lógica e nem com meus interesses. A lógica dele também era sobre o que é justo, porém diferente; mas como assim, DIFERENTE. Pensei então pela lógica inversa a minha. Como pensaria o agressor, que eu achava ser mais ignorante que eu? A resposta estava dentro de mim: o problema do ignorante é a vida vazia!

 Se estava nesse ponto de estresse em relação à vida alheia, é porque nada de útil me aproveitava. Vi, pela vida dos mais sábio (a quem minha ignorância permitia achar sábio), que eles não reagiram. E não é comodismo ou individualismo, é porque o sábio age! Retrucar o preconceituoso de raça, cor, credo, identidade sexual, identidade musical, gênero; também por quaisquer outras posturas sociais, como armamento, posicionamento político, o melhor filme, o cumprimento da lei, entre outros, é cavar buracos no vazio!

 O sábio não considera o ignorante, simplesmente luta para querer não o sê-lo. Acabei entendendo o ignorante e o sábio e me descobrindo entre eles. Clarice me deu duas opções, entre viver e saber que vivo; entre ter coragem ou uma felicidade vazia. Por ora, não sei o quanto vivo e nem o quanto resisto a felicidade vazia.

 

 

Guilherme Rodrigues Vargas

Professor

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